À medida que o mundo caminha para um futuro climático incerto, as Filipinas são uma das nações mais vulneráveis devido à sua geografia e economia, com o país sendo frequentemente atingido por tufões e onde a subsistência de grande parte da população depende de condições climáticas favoráveis. Nos relatórios anuais da ONU, as Filipinas estão entre os países mais vulneráveis às mudanças climáticas devido às fatalidades e perdas econômicas causadas por incidentes relacionados ao clima. Para o futuro, está previsto que as Filipinas irão sofrer um aumento das temperaturas médias, mudanças na quantidade e intensidade das chuvas e possivelmente um aumento na incidência e frequência de tufões.

No país, embora haja uma crescente conscientização entre as famílias e comunidades sobre as mudanças climáticas e seus efeitos destrutivos, especialmente após a série de super tufões que causaram deslizamentos de terra, enchentes, entre outros eventos no país, essa crescente preocupação dificilmente se traduz em esforços concretos para resolver o problema, por várias razões. A primeira é que existe um sentimento de que não adianta fazer nada quando o problema é em grande parte causado por atos de outras comunidades além de suas fronteiras. A segunda é que passar a adotar práticas domésticas ou de subsistência mais ecológicas envolve custos ou esforços adicionais, que não têm uma compensação correspondente.

Metodologia de Compensação de Carbono

Portanto, em 2020, a Fundação ECARE, da Igreja Episcopal das Filipinas, conceitualizou um programa de compensação de carbono que beneficiaria as organizações externas que precisam compensar sua pegada de carbono e onde os recursos dessas compensações seriam usados para iniciativas de desenvolvimento da comunidade, pois proporcionam o manejo das florestas e áreas naturais.  A ECARE consultou a Universidade das Filipinas – Banos, a fim de determinar o cálculo para a absorção de carbono das árvores locais e apropriadas da comunidade.

Ao final desse processo, ECARE adotou uma fórmula pela qual 2.000 árvores adultas podem sequestrar 50 toneladas de carbono por ano (ver detalhes da fórmula no Apêndice). É emitido um Certificado de Adaptação/Mitigação às Mudanças Climáticas para cada comunidade após uma visita de monitoramento para verificar um critério de quatro partes: que pelo menos 3.000 árvores foram plantadas, das quais cerca de 2.000 foram totalmente cultivadas em seis meses, seja em áreas desnudadas ou em áreas de montanha/paisagem para controlar a erosão e que a comunidade paroquial foi mobilizada em conjunto para participar do projeto.

Reforço de uma Abordagem Baseada em Ativos Locais

ECARE incentiva as comunidades paroquiais a participar do projeto, usando uma abordagem baseada em ativos locais. Por exemplo, as atividades de reflorestamento são financiadas pela comunidade e, com base em seu sucesso e recebimento de um Certificado de Adaptação/Mitigação de Mudanças Climáticas, a comunidade é elegível a inscrever-se na ECARE para resgatar esse certificado, cujo valor é de US$ 2.000 depois de 2 anos. A comunidade então aplica esses recursos na infraestrutura paroquial ou em projetos de empreendimentos sociais. Assim, a natureza única desta metodologia destina-se não apenas ao reflorestamento, mas ao impacto comunitário e solidariedade.

Por vezes, ECARE relatou que muitas comunidades aprenderam a plantar mais árvores do que o necessário para compensar a morte natural e a necessidade de um processo de monitoramento realizado pela comunidade para garantir que as árvores não se tornem um incentivo para a geração de renda vinda da madeira. Outro aprendizado foi o processo criterioso de escolha das árvores apropriadas para o contexto local, como árvores frutíferas que podem também conter valor nutricional, etc. É importante que cada comunidade identifique suas próprias necessidades e seu contexto para garantir que a abordagem em uma área pode ser igualmente bem-sucedida em outra área.

Desde que o projeto começou, 62 paróquias de toda a diocese plantaram 208.655 árvores, com uma taxa de sobrevivência de 79% depois de dois anos, recuperando 220 hectares de terras.

Convite a um Movimento Global

Com base em mais de 10 anos de experiência e aprendizados, ECARE deseja convidar outras igrejas de toda a Comunhão para unir-se a ela no desenvolvimento de projetos de compensação de carbono como parte de um compromisso contínuo com a 5ª Marca da Missão. Para explorar essa iniciativa, recomenda-se os seguintes passos:

Passo Questões a considerar / critérios

  1. Avaliar o valor agregado de uma parceria para se envolver nesta iniciativa. Capacidade adequada de pessoal; País com alta vulnerabilidade às mudanças climáticas; Boa mobilização da comunidade
  2. Avaliar as comunidades-sujeito que seriam beneficiadas. Disponibilidade de terras; benefício social ou econômico do reflorestamento; examinar potenciais riscos
  3. Determinar uma fórmula de cálculo apropriada localmente (a fórmula da ECARE pode ser encontrada no Apêndice). Consultar uma Universidade ou outro especialista; examinar várias árvores endêmicas; examinar impacto ambiental
  4. Desenvolver um mecanismo de monitoramento; comitê facilitador da comunidade; determinar critérios para o sucesso; cronograma para reembolso da comunidade.
  5. Desenvolver o processo de Certificação e o programa de subsídios ao desenvolvimento comunitário. Tempo necessário para o crescimento adequado das árvores, processo de inscrição e valor da concessão de subsídios à comunidade.

 Apêndice: Fórmula de sequestro de carbono da ECARE

  1. Determinar o peso de uma árvore viva – seu peso verde, como é chamado. Cada espécie tem uma fórmula de cálculo diferente, porém, as equações abaixo fornecem uma estimativa básica. Se a árvore tem diâmetro de menos de 11 polegadas (28 cm), a fórmula é P = 0,25D2H. Com mais de 11 polegadas de diâmetro, use P = 0,15D2H. O P representa o peso acima do solo da árvore, em libras. D é o diâmetro em polegadas e H representa a altura em pés. O diâmetro de uma árvore diminui conforme a altura. De acordo com o Programa Nacional de Liderança em Ciências Computacionais (NCSLP), os silvicultores devem ficar ao lado da árvore e medir na altura do peito.
  2. Meça a árvore escolhida para seus cálculos. Por exemplo, digamos que a árvore tenha 10 polegadas (25 cm) de diâmetro e altura de 15 pés (4,5 m). O diâmetro quadrado é 100. Multiplique esse número por 0,25 para 250. Então multiplique 250 por 15. O peso acima do solo da árvore é 375 libras.
  3. Multiplique o peso acima do solo da árvore por 120%, ou 1,2 para estimar o peso do sistema de raízes, de acordo com os cálculos citados pelo NCSLP. O total para nossa árvore de exemplo é 450 libras.
  4. Determine o peso seco, ou o peso de uma árvore cortada, multiplicando o peso verde por 72,5% ou 0,725. De acordo com um artigo da University of Nebraska Lincoln Extension, a árvore média tem cerca de 27,5% de umidade e 72,5% de matéria seca. Daí a estimativa de 72,5. O percentual real de seca/umidade depende da espécie de árvore e da região em que se localiza. Se puder determinar a espécie exata, poderá encontrar o percentual correto de peso seco e usá-lo no lugar dos 72,5%. Usando esta estimativa para nosso exemplo, nossa árvore tem 326 libras de peso seco.
  5. Estime o conteúdo de carbono a 50% do peso seco total da árvore. Com nossa árvore de exemplo, 50% de 326 libras corresponderia a 163 libras de CO2. Um artigo publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que o CO2 compreende cerca de 52,1% do peso seco de uma árvore de madeira macia e cerca de 49,1% do peso seco de uma madeira dura. Sempre vão existir discretas variações regionais.
  6. Multiplique o conteúdo de CO2 da árvore por 3,6663 (peso de conversão do gás) para determinar o peso do carbono armazenado pela árvore. O carbono de nossa árvore de exemplo pesa cerca de 597 libras.
  7. Divida o peso estimado do carbono armazenado da árvore pela idade dela para chegar ao sequestro anual total. Se você não souber a idade da árvore, faça uma estimativa. Estima-se que a árvore de exemplo tenha 10 anos, portanto, ela sequestra cerca de 59 libras de CO2 por ano.