Igreja forma parceria com o Serviço Florestal do Quênia em um projeto ambicioso para plantar e cultivar mais de um milhão de árvores.
O desafio inicial para um projeto de plantio de árvores em Nairobi era que, como conta o Rev. Nthenge, em uma entrevista, “Nairobi não é um lugar para se plantar árvores, as casas são tão próximas que mesmo se dermos árvores para as pessoas plantarem, a maioria as levará para suas casas na zona rural para plantá-las lá.
Por meio do engajamento com o Serviço Florestal do Quênia, foi identificado que Ngong Road Forest em Mutuini seria um local adequado para o plantio. A floresta tem sido vítima de invasões para a construção de casas e para combustível: “a cidade está crescendo para dentro da floresta; as pessoas estão levando as casas cada vez mais perto da floresta”. Onde plantamos árvores, literalmente, você encontra lugares em que elas foram cortadas. Então, estamos plantando perto de árvores mortas.
Assim, “O Serviço Florestal do Quênia nos deu um pequeno espaço da floresta e a comunidade se mobilizou para plantar 2.000 árvores em uma seção”. Isso foi há três anos. Durante os últimos três anos, o projeto foi responsável por cuidar dessas árvores – retirando ervas daninhas e regando-as quando necessário. Agora, elas estão quase prontas para serem entregues ao Serviço Florestal para sua manutenção contínua.
E não parou aí. “Quando eles viram que estávamos indo bem, nos deram outra área no outro lado de Mutuini. E lá, nós plantamos 3.000 árvores.
É claro, o trabalho nunca termina quando se trata de plantar. A cada seis semanas, as árvores precisam de manutenção – é preciso remover ervas daninhas e regá-las. Para fazer isso, “envolvemos os párocos, que mobilizam a juventude”.

A comunidade
Isto nos leva ao envolvimento da comunidade, pois sem a comunidade não haveria projeto e não haveria árvores. A faixa etária das pessoas participantes vai desde jovens a muito idosas. “As pessoas simplesmente saíram e decidiram que este lugar vai ser nosso assim como é para a igreja”. Assim, elas chegaram, trazendo seus filhos, algumas já com 70 a 80 anos. Elas simplesmente quiseram vir e inspirar a juventude que havia comparecido em peso”.
E a juventude – esta foi uma oportunidade para ajudá-la. Precisávamos de água, então “demos às/aos jovens o trabalho de procurar a água. Enviamos o recurso através da/o pastora/pastor, e elas/eles entram na floresta, fazem algum trabalho e recebem algum recurso para que possam ajudar a alimentar suas famílias”.

Parcerias
As parcerias são essenciais para o sucesso deste projeto. Vimos como o projeto foi realizado em parceria como o Serviço Florestal e a comunidade local. Além disso, existem agora Memorandos de Entendimento (MoU, na sigla em inglês), com o Netfund (uma organização ambiental estatal) que colabora com recursos e com o Equity Bank, que fornece as mudas para que o projeto não precisa comprá-las.
E então há a própria Igreja. O Comitê Diretivo Nacional do Movimento Anglicano pela Justiça Ambiental é composto por especialistas que ajudam no plantio e no design. Departamentos da Igreja, como a União de Mães e a Associação de Homens Anglicanos do Quênia (KAMA) mobilizaram seus membros para participar. E a Fraternidade de Estudantes Anglicanas/os (ASF) e a Organização da Juventude Anglicana do Quênia (KAYO) “continuaram a reunir seus membros e jovens, adolescentes e crianças para se juntarem a nós em nossas atividades em nível nacional e diocesano”.
E há outro aspecto na função da igreja. Sua participação neste projeto confere uma certa proteção às arvores que plantamos. “Se criarmos espaços sagrados dentro das florestas, se em alguma circunstância o governo demonstrar interesse egoísta de cortar as árvores, sempre podemos afirmar que a igreja está lá e que tem que ser respeitada. Assim, esta é outra forma de a igreja demonstrar sua autoridade neste espaço de floresta”.

Compartilhando o mundo de Deus
O Rev. Nthenge ficou especialmente sensibilizado ao falar sobre como o projeto facilita o trabalho pastoral.
“Imagine isto: você tem jovens que vieram com você da igreja, que vieram participar do exercício. E não existe altar para separar você delas/es. Não existem bancos separados para leigas/os e o clero. Estamos todas/os trabalhando com a terra; ficamos com as mãos sujas e enlameadas. E estamos suadas/os.
Eu acho que esse nível de vulnerabilidade e esse nível de exposição entre nós inspira histórias; porque não é possível trabalhar em uma área pequena por mais de quatro ou cinco horas e não começar a conversar sobre as coisas. Então você começa a abordar problemas pastorais; você começa a estimular alguém, começa a compartilhar com as pessoas a obra de Deus.
As pessoas foram prejudicadas por muitos anos, mas nunca encontraram uma maneira de se comunicar com a igreja ou através dela. E isto se torna um ponto de inflexão para elas, pois estão cansadas, e o sol é tão abrasador em suas costas e elas têm que terminar o trabalho que vieram fazer”.

O futuro – espalhando e expandindo
E o trabalho não para com estas 5.000 árvores. Longe disso:
“Há um mês, levamos 75.000 árvores para a diocese de Kirinyaga por solicitação. Da parte ocidental do Quênia, veio um pedido de um milhão de árvores. Fomos até a diocese de Machakos, que é o lugar onde lançamos o Movimento Anglicano pela Justiça Ambiental. E elas/eles estão muito inspiradas/os. Onde quer que elas/es forem, as árvores devem ser cultivadas. Ministras/os estão plantando e compartilhando em grupos de WhatsApp. E existe a diocese de Mumias, que deu início a seus viveiros, e estão em busca de recursos com os bancos locais para ver como podem continuar a crescer.
Na verdade, o próximo grande projeto que esperamos realizar é ter pequenos viveiros. Então, nossa juventude pode cultivar as sementes. As organizações vêm e compram delas/es, e as/os jovens podem sair e plantar e cuidar dessas árvores que cultivaram. E isso rende dinheiro. Então elas/eles podem se livrar de alguns maus hábitos: perambular pelos mercados, fumar e beber diariamente não lhes ajudará de forma alguma”.
Em resumo, como diz o Rev. Nthenge, “a chama está se espalhando rapidamente”.